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REELEIÇÃO DE ROLEMBERG NÃO É IMPOSSÍVEL




Por Fred Lima 


Um pouco de razão pode levedar toda a massa. Na política, nada é impossível. Dois exemplos foram as dificílimas reeleições de Dilma Rousseff e do então governador do DF, Joaquim Roriz, em 2002. 
Deixando de lado paixões partidárias, que acabam cegando o entendimento, vou elucidar o porquê da reeleição do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) não ser impossível. 

Máquina na mão

Muitos podem alegar que a máquina governamental não garante a vitória de um governador candidato à reeleição. Estão certos. Todavia, ajuda bastante se for utilizada de forma inteligente e legal. Roriz usou e foi reeleito. 

Agnelo Queiroz (PT) é um exemplo do uso incorreto da máquina. Apesar de ter tido o apoio do Palácio do Planalto, sua comunicação era engessada e confusa, onde dividia as atenções da imprensa com o seu vice, Tadeu Filippelli (PMDB), que comandava a área de obras do governo. 

Agnelo e Filippelli eram como Batman e Robin, ou seja, não se desgrudavam, uma falha do ponto de vista do marketing político. Se Tadeu fosse o candidato do governo, tudo certo. No entanto, sua presença excessiva ao lado de Queiroz atrapalhou o foco que o governador, candidato à reeleição, deveria ter sozinho. 

Recém-chegado ao PT (foi filiado ao PCdoB até 2008), Agnelo era um estranho no partido de Lula. Se até Cristovam se queixou do abandono da sigla quando governou o DF, imagine alguém que chegou nela faltando somente dois anos antes de se tornar governador? 

O PT e a comunicação governamental atrapalharam Agnelo, bem como a falta de comando em áreas fundamentais, como a de infraestrutura, delegada ao PMDB. O Estádio Nacional é o maior exemplo do grande tiro no pé que o governo petista deu na área de obras. 

Resultado: o “Time do Bem” (PT-PMDB) não foi nem ao segundo turno. 

Assim como Cristovam, Roriz e Agnelo, Rollemberg terá a máquina na mão. Se errar como os dois governadores petistas, sua reeleição vai naufragar, com chances reais de nem ir ao segundo turno. Se acertar, pode ir à segunda etapa e inverter o jogo. 

Comunicação rorizista 

A verdade é que a comunicação do governo Rollemberg melhorou bastante com a chegada de Paulo Fona, ex-porta voz de Roriz. Já vinha melhorando com Luciano Suassuna, mas Fona, especialista em gestões de crise, deu um tom mais político e abrangente para a SECOM, inclusive com o aumento da exposição do governador nas redes sociais. 

Hoje, Roriz pode ser celebrado, mas há 15 anos não era. Os servidores públicos estavam insatisfeitos por causa de promessas não cumpridas; o escândalo Pedro Passos arranhou a imagem do governador com uma gravação suspeita; e o Correio Braziliense, comandado por Ricardo Noblat, atacava duramente o chefe do Buriti. Não bastassem todas essas adversidades, as crises internacionais impactavam negativamente o país e, consequentemente, os estados, como acontece hoje. Roriz remou contra a maré e venceu por uma diferença de apenas 1%. 

Com o homem forte da comunicação da era Roriz em seu governo, Rollemberg pode diminuir sua rejeição, jogando mais óleo (comunicação) na engrenagem (governo), levando ao conhecimento de toda a população as obras de sua gestão. 

Vale lembrar que a comunicação é como o óleo que precisa ser despejado na engrenagem para que ela funcione. De outra forma, as peças não conseguem se movimentar facilmente e a máquina acaba sendo danificada. É assim que acontece em uma administração. 

Oposição dividida 

Todos os pré-candidatos oposicionistas que apareceram até agora asseguram que estarão no mesmo barco, mas nos bastidores a história é outra. Cada um acredita que será o escolhido. Não falam como pré-candidatos de um grupo, mas como candidatos majoritários de seus respectivos partidos. Alírio Neto (PTB), por exemplo, alega ser o único pré-candidato que já tem autorização da executiva nacional de sua legenda. Vão caminhar juntos? Muito difícil. 

O grupo da direita, composto por Jofran Frejat (PR), Alberto Fraga (DEM), Izalci Lucas (PSDB), Alírio, Filippelli e Eliana Pedrosa (Podemos) já não está tão unido como anteriormente. Frejat nem foi nas últimas reuniões do grupo, um indício de afastamento. 

Acreditar em união da direita é tão utópico quanto crer que Rollemberg pode ser reeleito no primeiro turno. 

A divisão da oposição favorece o governador, que quase implodiu o PSDB-DF com a ida da ex-governadora Maria de Lourdes Abadia e seu grupo político ao governo. 

Herança maldita 

Se o Buriti conseguir colar a ideia de que fez o “impossível” para Brasília não quebrar, utilizando como exemplos os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, pode convencer os indecisos. Porém, a tarefa não será nada fácil. 

O governo sempre evocou a dívida bilionária que herdou, mas não conseguiu ainda explicar com clareza para a população como pegou Brasília, fruto da comunicação engessada da época, semelhante à de Agnelo. 

Na campanha, o uso do termo “herança maldita” vai ter que ser diferente. Em vez de dizer de forma genérica que herdou uma cidade quebrada, a campanha de Rollemberg terá que explicar ponto por ponto dos cenários econômicos de janeiro de 2015 e 2018. Se conseguir, pode convencer. Caso contrário, a “herança maldita” será vista como desculpa esfarrapada para maus resultados, como vem acontecendo. 

Tudo vai depender da estratégia de campanha do governador, além dos debates. Rollemberg já afirmou que está preparado para “debater com qualquer um”. 

A disputa promete ser acalorada.

Da Redação
Fonte: http://fredlima.blog.br/2017/12/07/reeleicao-de-rollemberg-nao-e-impossivel/
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